Um bloco de massa m = 0,25 kg é ligado a uma mola de constante elástica k = 0,25 N/m e a um
amortecedor de constante de amortecimento b = 0,5 N.s/m. O bloco é deslocado de sua posição de
equilíbrio O até um ponto P a 0,1 m e solto a partir do repouso. Determine:
a) A equação do movimento;
b) Classifique o tipo de oscilação;
c) O gráfico da posição x função do tempo t.
Dados do problema:
- Massa do corpo: m = 0,25 kg;
- Constante elástica da mola: k = 0,25 N/m;
- Constante de amortecimento: b = 0,5 N.s/m;
- Posição inicial (t = 0): x0 = 0,1 m;
- Velocidade inicial (t = 0): v0 = 0.
Esquema do problema:
Adotamos um sistema de referência com sentido positivo para a direita. O bloco é deslocado até a posição
x0 = 0,1 m e quando solto a força elástica da mola fará com que retorne à posição de
equilíbrio, a velocidade inicial é nula, v0 = 0. Com isto escrevemos as
Condições Iniciais do problema
\[
\begin{array}{l}
x(0)=0,1\;\text{m}\\[10pt]
v_{0}=\dfrac{dx(0)}{dt}=0
\end{array}
\]
Solução
a) Aplicando a
2.ª Lei de Newton
\[
\begin{gather}
\bbox[#99CCFF,10px]
{F=m\frac{d^{2}x}{dt^{2}}} \tag{I}
\end{gather}
\]
a força elástica da mola é dada por
\[
\begin{gather}
\bbox[#99CCFF,10px]
{F_{E}=-kx} \tag{II-a}
\end{gather}
\]
a força de amortecimento é dada por
\[
\begin{gather}
\bbox[#99CCFF,10px]
{F_{R}=-bv=-b\frac{dx}{dt}} \tag{II-b}
\end{gather}
\]
o sinal de negativo na força elástica representa que ela atua
contra o sentido do deslocamento do
bloco (atua no sentido de restabelecer o equilíbrio), na força de amortecimento representa que ela atua
contra o sentido da velocidade (atua no sentido de frear o movimento). Substituindo as
expressões (II-a) e (II-b) na expressão (I)
\[
\begin{gather}
-F_{E}-F_{R}=m\frac{d^{2}x}{dt^{2}}\\[5pt]
-kx-b\frac{dx}{dt}=m\frac{d^{2}x}{dt^{2}}\\[5pt]
m\frac{d^{2}x}{dt^{2}}+b\frac{dx}{dt}+kx=0
\end{gather}
\]
esta é uma
Equação Diferencial Ordinária Homogênea de 2.ª Ordem. Dividindo toda a equação pela
massa
m
\[
\begin{gather}
\frac{d^{2}x}{dt^{2}}+\frac{b}{m}\frac{dx}{dt}+\frac{k}{m}x=0
\end{gather}
\]
substituindo os valores dados no problema
\[
\begin{gather}
\frac{d^{2}x}{dt^{2}}+\frac{0,5}{0,25}\frac{dx}{dt}+\frac{0,25}{0,25}x=0\\[5pt]
\frac{d^{2}x}{dt^{2}}+2\frac{dx}{dt}+x=0 \tag{III}
\end{gather}
\]
Solução de
\( \displaystyle \frac{d^{2}x}{dt^{2}}+2\frac{dx}{dt}+x=0 \)
A solução deste tipo de equação é encontrada fazendo-se as substituições
\[
\begin{array}{l}
x={\operatorname{e}}^{\lambda t}\\[5pt]
\dfrac{dx}{dt}=\lambda {\operatorname{e}}^{\lambda t}\\[5pt]
\dfrac{d^{2}x}{dt^{2}}=\lambda^{2}{\operatorname{e}}^{\lambda t}
\end{array}
\]
substituindo estes valores na equação diferencial
\[
\begin{gather}
\lambda^{2}{\operatorname{e}}^{\lambda t}+2\lambda{\operatorname{e}}^{\lambda t}+{\operatorname{e}}^{\lambda t}=0\\[5pt]
{\operatorname{e}}^{\lambda t}\left(\lambda^{2}+2\lambda+1\right)=0\\[5pt]
\lambda^{2}+2\lambda+1=\frac{0}{{\operatorname{e}}^{\lambda t}}\\[5pt]
\lambda^{2}+2\lambda+1=0
\end{gather}
\]
esta é a
Equação Característica que tem como solução
\[
\begin{gather}
\Delta =b^{2}-4ac=2^{2}-4.1.1=4-4=0\\[5pt]
\lambda_{1}=\lambda_{2}=\frac{-b}{2a}=\frac{-2}{2.1}=\frac{-2}{2}=-1
\end{gather}
\]
como Δ = 0 a solução da equação diferencial será
\[
\begin{gather}
x=C_{1}{\operatorname{e}}^{\lambda_{1}t}+C_{2}t{\operatorname{e}}^{\lambda_{2}t}\\[5pt]
x=C_{1}{\operatorname{e}}^{-t}+C_{2}t{\operatorname{e}}^{-t} \tag{IV}
\end{gather}
\]
onde
C1 e
C2 são constantes de integração determinadas pelas
Condições Iniciais.
Derivando a expressão (IV) em relação ao tempo, a função
x(
t) é a soma de duas funções, a
derivada da soma é dada pela soma das derivadas
\[
\begin{gather}
(f+g)'=f'+g'
\end{gather}
\]
o segundo termo do lado direito da igualdade é o produto de duas funções, usando a regra do poroduto
para derivadas
\[
\begin{gather}
(uv)'=u'v+uv'
\end{gather}
\]
com
\( f=C_{1}{\operatorname{e}}^{-t} \),
\( g=C_{2}t{\operatorname{e}}^{-t} \)
e
\( u=t \),
\( v={\operatorname{e}}^{-t} \),
\[
\begin{gather}
\frac{dx}{dt}=\frac{df}{dt}+\frac{dg}{dt}\\[5pt]
\frac{dx}{dt}=\frac{df}{dt}+\left(\frac{du}{dt}v+u\frac{dv}{dt}\right)\\[5pt]
\frac{dx}{dt}=\left(-C_{1}{\operatorname{e}}^{-t}\right)+\left[1.{C_{2}\operatorname{e}}^{-t}+\left({-tC_{2}\operatorname{e}}^{-t}\right)\right]\\[5pt]
\frac{dx}{dt}=-C_{1}{\operatorname{e}}^{-t}+C_{2}{\operatorname{e}}^{-t}-C_{2}t{\operatorname{e}}^{-t}\\[5pt]
\frac{dx}{dt}=-C_{1}{\operatorname{e}}^{-t}+C_{2}{\operatorname{e}}^{-t}\left(1-t\right) \tag{V}
\end{gather}
\]
substituindo as
Condições Iniciais nas expressões (IV) e (V)
\[
\begin{gather}
x(0)=0,1=C_{1}{\operatorname{e}}^{-0}+C_{2}.0.{\operatorname{e}}^{-0}\\[5pt]
0,1=C_{1}{\operatorname{e}}^{0}+0\\[5pt]
C_{1}=0,1 \tag{VI}
\end{gather}
\]
\[
\begin{gather}
\frac{dx(0)}{dt}=0=-C_{1}{\operatorname{e}}^{-0}+C_{2}{\operatorname{e}}^{-0}\left(1-0\right)\\[5pt]
0=-C_{1}{\operatorname{e}}^{0}+C_{2}{\operatorname{e}}^{0}1\\
0=-C_{1}+C_{2}
\end{gather}
\]
substituindo o valor de
C1 encontrado em (VI)
\[
\begin{gather}
0=-0,1+C_{2}\\[5pt]
C_{2}=0,1 \tag{VII}
\end{gather}
\]
substituindo estas constantes na expressão (IV)
\[
\begin{gather}
x(t)=0,1{\operatorname{e}}^{-t}+0,1t{\operatorname{e}}^{-t}
\end{gather}
\]
\[
\begin{gather}
\bbox[#FFCCCC,10px]
{x(t)=0,1{\operatorname{e}}^{-t}\left(1+t\right)}
\end{gather}
\]
b) Como Δ = 0 este é um
oscilador crítico.
c) Construção do gráfico de
\[
\begin{gather}
x(t)=0,1{\operatorname{e}}^{-t}\left(1+t\right) \tag{VIII}
\end{gather}
\]
Fazendo
x(
t) = 0 na expressão (VIII) encontramos as raízes da equação
\[
\begin{gather}
x(t)=0,1{\operatorname{e}}^{-t}\left(1+t\right)=0\\[5pt]
0,1{\operatorname{e}}^{-t}\left(1+t\right)=0
\end{gather}
\]
temos as raízes quando
\( 0,1{\operatorname{e}}^{-t}=0 \)
ou
\( 1+t=0 \),
no primeiro caso não existe
t que satisfaça a igualdade, no segundo caso a função
x(
t) cruza o eixo das abscissas em
t = −1, existe uma raiz no ponto
(
t,
x) = (-1, 0).
Derivada de
\( x(t)=0,1{\operatorname{e}}^{-t}\left(1+t\right) \)
A função
x(
t) é dada pelo produto de duas funções, usando novamente a regra da derivada de
um produto de funções, com
\( u=0,1\operatorname{e}^{-t} \)
e
\( v=1+t \)
\[
\begin{gather}
\frac{dx}{dt}=\frac{du}{dt}v+u\frac{dv}{dt}\\[5pt]
\frac{dx}{dt}=-0,1{\operatorname{e}}^{-t}(1+t)+0,1{\operatorname{e}}^{-t}.1=\\[5pt]
\frac{dx}{dt}=-0,1{\operatorname{e}}^{-t}-0,1{\operatorname{e}}^{-t}t+0,1{\operatorname{e}}^{-t}=\\[5pt]
\frac{dx}{dt}=-0,1{\operatorname{e}}^{-t}t \tag{IX}
\end{gather}
\]
fazendo
\( \dfrac{dx(t)}{dt}=0 \)
encontramos pontos de máximos e mínimos da função
\[
\begin{gather}
-0,1t{\operatorname{e}}^{-t}=0
\end{gather}
\]
temos as raízes quando
\( 0,1{\operatorname{e}}^{-t}=0 \)
ou
t = 0, no primeiro caso não existe
t que satisfaça a igualdade, no segundo caso
t = 0, substituindo na expressão (VIII)
\[
\begin{gather}
x(0)=0,1{\operatorname{e}}^{-0}\left(1+0\right)\\[5pt]
x=0,1
\end{gather}
\]
exite um ponto de máximo ou mínimo em (
t,
x) = (0; 0,1). Para valores de
t negativo
(
t < 0) a derivada será sempre positiva
\( \left(\dfrac{dx(t)}{dt}>0\right) \)
e a função cresce. Para valores de
t positivo (
t > 0) a derivada será sempre
negativa
\( \left(\dfrac{dx(t)}{dt}<0\right) \)
e a função decresce.
Derivando uma segunda vez a função.
Derivada de
\( \dfrac{dx}{dt}=-0,1t{\operatorname{e}}^{-t} \),
usando novamente a regra da derivada do produto de funções, com
\( u=-0,1t \)
e
\( v={\operatorname{e}}^{-t} \)
\[
\begin{gather}
\frac{d^{2}x}{dt^{2}}=\frac{du}{dt}v+u\frac{dv}{dt}\\[5pt]
\frac{d^{2}x}{dt^{2}}=-0,1{\operatorname{e}}^{-t}+(-0,1t)(-{\operatorname{e}}^{-t})=\\[5pt]
\frac{d^{2}x}{dt^{2}}=-0,1{\operatorname{e}}^{-t}+0,1t{\operatorname{e}}^{-t}=\\[5pt]
\frac{d^{2}x}{dt^{2}}=0,1{\operatorname{e}}^{-t}(-1+t) \tag{X}
\end{gather}
\]
fazendo
\( \dfrac{d^{2}x(t)}{dt^{2}}=0 \)
encontramos os pontos de inflexão na função
\[
\begin{gather}
0,1{\operatorname{e}}^{-t}\left(-1+t\right)=0
\end{gather}
\]
temos as raízes quando
\( 0,1{\operatorname{e}}^{-t}=0 \)
ou
\( -1+t=0 \),
no primeiro caso não existe
t que satisfaça a igualdade, no segundo caso temos
t = 1,
substituindo esse valor na expressão (VIII)
\[
\begin{gather}
x(1)=0,1{\operatorname{e}}^{-1}\left(1+1\right)\\[5pt]
x(1)=0,1.0,37.2\\[5pt]
x=0,074
\end{gather}
\]
exite um ponto de inflexão em (
t,
x) = (1; 0,074). Para valores de
t menor que 1
(
t < 1) a derivada segunda será sempre negativa
\( \left(\dfrac{d^{2}x(t)}{dt^{2}}<0\right) \)
e a função possui “boca” voltada para baixo, para valores de
t maior que 1 (
t > 1)
a derivada segunda será sempre positiva
\( \left(\dfrac{d^{2}x(t)}{dt^{2}}>0\right) \)
e a função possui “boca” voltada para cima. Como o gráfico apresenta “boca” voltada para baixo para
t menor que 1 o ponto (
t,
x) = (0; 0,1) encontrado na primeira derivada é ponto de
máximo.
Como a variável
t representa o tempo não tem sentido o cálculo de valores negativos (
t < 0), para
t tendendo a infinito
\[
\begin{gather}
\lim _{t\rightarrow \infty }x(t)=\lim _{t\rightarrow \infty}0,1{\operatorname{e}}^{-t}\left(1+t\right)=\lim _{t\rightarrow \infty}{\frac{0,1}{{\operatorname{e}}^{-t}}}\left(1+t\right)=\frac{0,1}{{\operatorname{e}}^{-\infty}}\left(1+\infty \right)=0
\end{gather}
\]
a função
\( \dfrac{0,1}{{\operatorname{e}}^{-\infty }} \)
tende a zero, a expressão
\( \left(1+\infty \right) \)
tende a infinito, como a exponencial converge mais rápido o limite da função tende a zero.
Da análise feita acima traçamos o gráfico da posição em função do tempo (Gráfico 1).