Um automóvel de 1200 kg viaja por uma estrada horizontal a uma velocidade constante de 90 km/h, em dado
momento o automóvel inicia uma subida com inclinação de 10° com a horizontal. Sendo dados o coeficiente de
atrito entre o pneu e a estrada igual a 0,5 e o coeficiente aerodinâmico do automóvel igual a 0,4, se a
potência do motor é mantida constante durante todo o trajeto, determine:
a) A resultante das forças dissipativas exercidas sobre o veículo;
b) A potência desenvolvida pelo motor em HP (horsepower);
c) A velocidade que o veículo mantém na subida em km/h.
Dados sen 10° = 0,1736,
g = 10 m/s
2, 1 HP = 746 W.
Dados do problema:
- Massa do automóvel: m = 1200 kg;
- velocidade do automóvel: v1 = 90 km/h;
- Inclinação da estrada: θ = 10°;
- Coeficiente de atrito: μ = 0,5;
- Coeficiente aerodinâmico: c = 0,4 unidades S.I.;
- Aceleração local da gravidade: g = 10 m/s2.
Esquema do problema:
Na Figura 1 são mostrados os elementos dados no problema e a força de atrito
\( {\vec{F}}_{at} \)
e a força de resistência do ar
\( {\vec{F}}_{r} \).
Solução
Em primeiro lugar devemos converter a velocidade do carro dada em quilômetros por hora (km/h) para metros
por segundo (m/s) usada no
Sistema Internacional (S.I.)
\[
\begin{gather}
v_{1}=90\;\frac{\cancel{\text{km}}}{\cancel{\text{h}}}.\frac{1000\;\text{m}}{1\;\cancel{\text{km}}}.\frac{1\;\cancel{\text{h}}}{3600\;\text{s}}=\frac{90}{3,6}\;\frac{\text{m}}{\text{s}}=25\;\text{m/s}
\end{gather}
\]
a) Considerando o trecho horizontal da estrada, adotamos um sistema de referência com eixo-
x orientado
para a direita e eixo-
y orientado para cima, isolando o carro da estrada estudamos as forças que
atuam nele (Figura 2).
Direção
x:
- \( {\vec{F}}_{at} \): força de atrito;
- \( {\vec{F}}_{r} \): força de resistência do ar.
Direção
y:
- \( \vec{P} \): força peso;
- \( \vec{N} \): reação normal da estrada sobre o carro.
Figura 2
Na direção
x temos as forças dissipativas
\( {\vec{F}}_{D} \)
devido ao atrito e a resistência do ar, como as duas atuam no mesmo sentido, contra o movimento do carro, a
sua resultante será dada pela soma das duas forças, em módulo
\[
\begin{gather}
F_{D}=F_{at}+F_{r} \tag{I}
\end{gather}
\]
a força de atrito é dada por
\[
\begin{gather}
\bbox[#99CCFF,10px]
{F_{at}=\mu N}
\end{gather}
\]
e a força de resistência do ar é
\[
\begin{gather}
\bbox[#99CCFF,10px]
{F_{r}=cv^{2}}
\end{gather}
\]
substituindo estes valores na expressão (I)
\[
\begin{gather}
F_{D}=\mu N+cv^{2} \tag{II}
\end{gather}
\]
Na direção
y não há movimento a força peso e a reação normal se anulam
\[
\begin{gather}
P-N=0 \tag{III}
\end{gather}
\]
a força peso é dada por
\[
\begin{gather}
\bbox[#99CCFF,10px]
{P=mg} \tag{IV}
\end{gather}
\]
substituindo a expressão (IV) na expressão (III)
\[
\begin{gather}
mg-N=0\\[5pt]
N=mg \tag{V}
\end{gather}
\]
Substituindo a expressão (V) na expressão (II)
\[
\begin{gather}
F_{D}=\mu mg+cv^{2}
\end{gather}
\]
substituindo os valores dados no problema
\[
\begin{gather}
F_{D}=0,5.1200.10+0,4.25^{2}\\[5pt]
F_{D}=6000+0,4.625
\end{gather}
\]
\[
\begin{gather}
\bbox[#FFCCCC,10px]
{F_{D}=6250\;\text{N}}
\end{gather}
\]
b) A potência desenvolvida pelo motor é dada por
\[
\begin{gather}
\bbox[#99CCFF,10px]
{\mathscr{P}=Fv} \tag{VI}
\end{gather}
\]
Como o carro está com velocidade constante a força motora no plano
\( {\vec{F}}_{MP} \)
é igual às forças que resistem ao movimento
\( {\vec{F}}_{D} \)
(Figura 3). Assim a força será
\( F=F_{MP}=F_{D} \),
calculada no item anterior, e a velocidade será v = v1 dada no problema
\[
\begin{gather}
\mathscr{P}=F_{D}v_{1}\\[5pt]
\mathscr{P}=6250.25\\[5pt]
\mathscr{P}=156250\;\text{W} \tag{VII}
\end{gather}
\]
convertendo este valor dado em watts (W) usado no
Sistema Internacional (
S.I.) para HP
\[
\begin{gather}
\mathscr{P}=156250\;\cancel{\text{W}}.\frac{1\;\text{HP}}{746\;\cancel{\text{W}}}=209\;\text{HP}
\end{gather}
\]
\[
\begin{gather}
\bbox[#FFCCCC,10px]
{\mathscr{P}=209\;\text{HP}}
\end{gather}
\]
c) Considerando o trecho em subida, a força feita pelo motor deve ser maior, pois além de equilibrar as
forças dissipativas, de atrito e de resistência do ar, deve compensar também a componente da força peso
paralela à subida.
Adotamos um sistema de referência
xy com o eixo-
x paralelo ao plano inclinado e sentido
ascendente e eixo-
y para cima perpendicular ao plano (Figura 4-A).
A força peso pode ser decomposta em duas componentes, uma componente paralela
\( {\vec{P}}_{P} \)
ao eixo-
x e a outra normal ou perpendicular
(
\( {\vec{P}}_{N} \)).
Da Figura 4-B vemos que a força peso é perpendicular ao plano horizontal, forma um ângulo de 90°, o ângulo
entre o plano inclinado e o plano horizontal é dado como 10°, como os ângulos internos de um triângulo devem
somar 180°, o ângulo entre a força peso e a componente paralela deve ser 80°. No triângulo à direita temos
que a componente normal faz com o plano inclinado um ângulo de 90°, então o ângulo entre a força peso e a
componente normal deve medir 10°, é um ângulo complementar.
Desenhamos as forças em um sistema de eixos coordenados (Figura 4-C).
Na direção
x temos as forças dissipativas, devido ao atrito e a resistência do ar, e a componente do
peso paralela ao plano, então a força que resiste ao movimento
\( {\vec{F}}_{R} \)
será dada pela soma destas forças
\[
\begin{gather}
F_{R}=F_{at}+F_{r}+P_{P} \tag{VIII}
\end{gather}
\]
a componente paralela da força peso é dada por
\[
\begin{gather}
P_{P}=P\operatorname{sen}10° \tag{IX}
\end{gather}
\]
substituindo a expressão (IV) na expressão (IX)
\[
\begin{gather}
P_{P}=mg\operatorname{sen}10° \tag{X}
\end{gather}
\]
Substituindo a expressão (X) na expressão (VIII)
\[
\begin{gather}
F_{R}=\underbrace{F_{at}+F_{r}}_{F_{D}}+mg\operatorname{sen}10°
\end{gather}
\]
os dois primeiros termos do lado direito da igualdade representam as forças dissipativas calculadas no item
(a), substituindo este valor e os demais valores dados no problema
\[
\begin{gather}
F_{R}=6250+1200.10.0,1736\\[5pt]
F_{R}=6250+2083,2\\[5pt]
F_{R}=8333,2\;\text{N}
\end{gather}
\]
Como o carro mantém a potência durante a subida usamos o valor calculado na expressão (VII), a força motora
na subida
\( {\vec{F}}_{MS} \)
é igual à força que resiste ao movimento
\( {\vec{F}}_{R} \)
(Figura 5), a velocidade
\( {\vec{v}}_{2} \)
na subida será
\[
\begin{gather}
\mathscr{P}=F_{R}v_{2}\\[5pt]
156250=8333,2v_{2}\\[5pt]
v_{2}=\frac{156250}{8333,2}\\[5pt]
v_{2}=18,8\;\text{m/s}
\end{gather}
\]
Convertendo este valor para quilômetros por hora (km/h)
\[
\begin{gather}
v_{21}=18,8\;\frac{\cancel{\text{m}}}{\cancel{\text{s}}}.\frac{1\;\text{km}}{1000\;\cancel{\text{m}}}.\frac{3600\cancel{\text{s}}}{1\;\text{h}}=18,8.3,6\;\frac{\text{km}}{\text{h}}=67,7\;\text{km/h}
\end{gather}
\]
\[
\begin{gather}
\bbox[#FFCCCC,10px]
{v_{2}=67,7\;\text{km/h}}
\end{gather}
\]