Um pêndulo simples é constituído por um corpo de massa 1,5 kg preso a uma extremidade de um fio de cobre.
Mantida fixa a outra extremidade desse fio, afasta-se o pêndulo de 60° da posição de equilíbrio. Observa-se
então que o fio se rompe no instante preciso que em que passa pela vertical de equilíbrio. Sabendo-se que a
tensão de rompimento do cobre é 20 000 N/cm
2 e a aceleração da gravidade é 10 m/s
2,
calcule o diâmetro do fio.
Dados do problema:
- Massa do corpo: m = 1,5 kg;
- Velocidade inicial do corpo: v0 = 0 m/s;
- Ângulo de deslocamento em relação à vertical: θ = 60°;
- Tensão de rompimento: TR = 20 000 N/cm2;
- Aceleração da gravidade: g = 10 m/s2.
Esquema do problema:
Chamamos o ponto de onde o corpo liberado de ponto A, o ponto onde o corpo passa pela vertical de
equilíbrio de ponto B e o comprimento do fio será L (Figura 1).
Solução
Em primeiro lugar devemos converter a tensão de rompimento dada em newtons por centímetro quadrado
(N/cm
2) para newtons por metro quadrado (N/m
2) usado no
Sistema Internacional (
S.I.)
\[
\begin{split}
T_{R} &=20000\;\frac{\text{N}}{\text{cm}^{2}}.\frac{(100\;\text{cm}\;)^{2}}{(1\;\text{m})^{2}}=20000\;\frac{\text{N}}{\cancel{\text{cm}^{2}}}.\frac{10000\;\cancel{\text{cm}^{2}}}{1\;\text{m}^{2}}=\\
&=20000.10000\;\frac{\text{N}}{\text{m}^{2}}=2.10^{4}.1.10^{4}\;\frac{\text{N}}{\text{m}^{2}}=2.10^{8}\;\frac{\text{N}}{\text{m}^{2}}
\end{split}
\]
O problema nos fornece a tensão de rompimento do fio, que é dada em termos de força, tensão que atua
no fio devido à massa presa nele, por unidade de área (Figura 2). Se multiplicarmos a tensão de
rompimento pela área transversal do fio temos a tensão total que atua no momento do rompimento
\[
\begin{gather}
T=T_{R}A \tag{I}
\end{gather}
\]
Para determinarmos a velocidade quando o corpo passa pela vertical usamos o
Princípio da Conservação da Energia Mecânica, a energia mecânica inicial, no ponto em que o corpo é
liberado, a 60° da vertical, deve ser igual à energia mecânica final, no ponto em que passa pela vertical
de equilíbrio.
Adotando um
Nível de Referência (
N.R.) no ponto onde o corpo passa pela vertical
(Figura 3). No ponto
A o corpo só possui
Energia Potencial devido a altura em relação
ao nível de referência, a
Energia Cinética é igual a zero porque o corpo parte do repouso, no
ponto
B o corpo só possui
Energia Cinética devido a velocidade com que ele passa por esse
ponto e a
Energia Potencial é igual a zero, pois a altura em relação ao nível de referência é
zero.
\[
\begin{gather}
E_{M}^{A}=E_{M}^{B}\\[5pt]
E_{P}^{A}=E_{C}^{B} \tag{II}
\end{gather}
\]
a
Energia Potencial é dada por
\[
\begin{gather}
\bbox[#99CCFF,10px]
{E_{P}=mgh} \tag{III}
\end{gather}
\]
a
Energia Cinética é dada por
\[
\begin{gather}
\bbox[#99CCFF,10px]
{E_{C}=\frac{mv^{2}}{2}} \tag{IV}
\end{gather}
\]
substituindo as expressões (III) e (IV) na expressão (II) para as situações inicial e final
\[
\begin{gather}
\cancel{m}gh_{A}=\frac{\cancel{m}v_{B}^{2}}{2}\\[5pt]
gh_{A}=\frac{v_{B}^{2}}{2} \tag{V}
\end{gather}
\]
O ângulo formado pelo fio quando o corpo está na posição
A e pelo segmento
\( \overline{{AB}} \)
é α (Figura 4-A), o ângulo formado pelo fio quando o corpo está na posição
B e pelo segmento
\( \overline{{AB}} \)
também é α. A soma dos ângulos internos de um triângulo é 180°
\( 60°+\alpha +\alpha =180°\Rightarrow 60°+2\alpha =180°\Rightarrow 2\alpha=180°-60°\Rightarrow 2\alpha=120°\Rightarrow \alpha =60° \).
\[ 60°+\alpha +\alpha =180°\Rightarrow 60°+2\alpha =180°\Rightarrow 2\alpha=180°-60°\Rightarrow 2\alpha=120°\Rightarrow \alpha =60° \]
Como os três ângulos são iguais, os três lados também são iguais, então, o segmento
\( \overline{{AB}} \)
também vale
L, é um triângulo equilátero.
Quando o corpo passa pela vertical o fio
L é perpendicular ao
Nível de Referência (forma um
ângulo de 90°), como o ângulo entre o fio e o segmento
\( \overline{{AB}} \)
é 60°, o ângulo β entre o segmento
\( \overline{{AB}} \)
e o
Nível de Referência será
\( 60°+\beta =90°\Rightarrow \beta=90°-60°\Rightarrow \beta =30° \).
\[ 60°+\beta =90°\Rightarrow \beta=90°-60°\Rightarrow \beta =30° \]
Então a altura do ponto
A,
hA, em relação ao
Nível de Referência será
(Figura 4-B)
\[
\begin{gather}
\operatorname{sen}\beta =\frac{\text{cateto oposto}}{\text{hipotenusa}}=\frac{h_{A}}{L}\\[5pt]
\operatorname{sen}30°=\frac{h_{A}}{L}
\end{gather}
\]
lembrando da
Trigonometria que
\( \operatorname{sen}30°=\frac{1}{2} \)
\[
\begin{gather}
\frac{1}{2}=\frac{h_{A}}{L}\\[5pt]
h_{A}=\frac{L}{2} \tag{VI}
\end{gather}
\]
substituindo a expressão (VI) na expressão (V)
\[
\begin{gather}
v_{B}^{2}=\cancel{2}g\frac{L}{\cancel{2}}\\[5pt]
v_{B}^{2}=gL \tag{VII}
\end{gather}
\]
O pêndulo descreve um arco de circunferência (Figura 5), analisando as forças que atuam no sistema
aplicamos a
2.ª Lei de Newton para o movimento circular
\[
\begin{gather}
\bbox[#99CCFF,10px]
{{\vec{F}}_{cp}=m{\vec{a}}_{cp}} \tag{VIII}
\end{gather}
\]
Massa:
- \( \vec{P} \): força peso;
- \( \vec{T} \): força de tensão.
Aplicando a expressão (VIII)
\[
\begin{gather}
T-P=ma_{cp} \tag{IX}
\end{gather}
\]
a força peso é dada por
\[
\begin{gather}
\bbox[#99CCFF,10px]
{P=mg} \tag{X}
\end{gather}
\]
substituindo as expressões (I) e (X) na expressão (IX)
\[
\begin{gather}
T_{R}A-mg=ma_{cp} \tag{XI}
\end{gather}
\]
a aceleração centrípeta é dada por
\[
\begin{gather}
\bbox[#99CCFF,10px]
{a_{cp}=\frac{v^{2}}{r}}
\end{gather}
\]
no ponto
B a aceleração centrípeta será
\[
\begin{gather}
a_{cp}=\frac{v_{B}^{2}}{L} \tag{XII}
\end{gather}
\]
substituindo a velocidade encontrada na expressão (VII) na expressão (XII)
\[
\begin{gather}
a_{cp}=\frac{g\cancel{L}}{\cancel{L}}\\[5pt]
a_{cp}=g \tag{XIII}
\end{gather}
\]
Substituindo o valor de (XIII) na expressão (XI)
\[
\begin{gather}
T_{R}A-mg=mg\\T_{R}A=mg+mg\\[5pt]
T_{R}A=2mg\\[5pt]
A=\frac{2mg}{T_{R}}
\end{gather}
\]
substituindo os valores dados no problema
\[
\begin{gather}
A=\frac{2.1,5.10}{2.10^{8}}\\[5pt]
A=\frac{30}{2}.10^{-8}\\[5pt]
A=15.10^{-8}\;\text{m}^{2}
\end{gather}
\]
Admitindo que o fio tem uma seção transversal circular, a área de um círculo é dada por
\[
\begin{gather}
\bbox[#99CCFF,10px]
{A=\pi r^{2}}
\end{gather}
\]
adotando π = 3,14 e usando o valor da área encontrado acima
\[
\begin{gather}
15.10^{-8}=3,14r^{2}\\[5pt]
r^{2}=\frac{15.10^{-8}}{3,14}\\[5pt]
r^{2}\simeq 4,8.10^{-8}\\[5pt]
r^{2}\simeq \sqrt{4,8.10^{-8}}\\[5pt]
r\simeq 2,2.10^{-4}\;\text{m}
\end{gather}
\]
o diâmetro do fio será dado por
\[
\begin{gather}
\bbox[#99CCFF,10px]
{d=2r}
\end{gather}
\]
substituindo o valor do raio acima
\[
\begin{gather}
d=2.2,2.10^{-4}
\end{gather}
\]
\[
\begin{gather}
\bbox[#FFCCCC,10px]
{d=4,4.10^{-4}\;\text{m}}
\end{gather}
\]