Uma máquina de Atwood é disposta de tal maneira que as massas móveis M1 e
M2 ao invés de se moverem verticalmente, são obrigadas a deslizar sem atrito
sobre dois planos inclinados de 30º e 60º em relação à horizontal. Supõe-se que as cordas que
sustentam as massas M1 e M2 são paralelas aos planos.
Determinar:
a) A relação entre M1 e M2 para que o sistema permaneça em
equilíbrio;
b) Calcular a aceleração do movimento e a forla de tensão na corda quando as massas são iguais, cada uma,
a 5 kg.
Dada a aceleração da gravidade igual a 9,81 m/s2.
Dados do problema:
- Massas dos blocos: M1=M2=5 kg;
- Aceleração da gravidade: g=9,81 m/s2.
Esquema do problema:
Adota-se um sentido aleatório para a aceleração (Figura 1).
Figura 1
Solução
Isolamos os corpos e pesquisamos as forças que atuam neles.
Adotamos um sistema de referência
xy com o eixo-
x paralelo ao plano inclinado e com o
mesmo sentido da aceleração. Neste corpo atuam a força peso
\( {\vec P}_{1} \),
a força de tensão na corda
\( \vec{T} \)
e a força normal de reação da superfície
\( {\vec N}_{1} \)
(Figura 2-A).
A força peso pode ser decomposta em duas componentes, uma componente paralela ao eixo-
x
\( {\vec P}_{1P} \)
e a outra componente normal ou perpendicular
\( {\vec P}_{1N} \) (Figura 2-B).
No triângulo à esquerda, a força peso
\( {\vec{P}}_{1} \)
é perpendicular ao plano horizontal, forma um ângulo de 90°, o ângulo entre o plano inclinado e o plano
horizontal é dado igual à 60°, como os ângulos internos de um triângulo devem somar 180° o ângulo α
entre a força peso
\( {\vec P}_{1} \)
e a componente paralela
\( {\vec P}_{1P} \)
deve ser
\[ 60°+90°+\alpha=180°\Rightarrow \alpha=180°-60°-90°\Rightarrow \alpha=30° \]
No triângulo à direita, a componente normal da força peso
\( {\vec P}_{1N} \)
faz com o plano inclinado um ângulo de 90°, então o ângulo β entre a força peso
\( {\vec P}_{1} \)
e a componente normal
\( {\vec P}_{1N} \)
deve ser
\[ \alpha+\beta=90°\Rightarrow 30°+\beta=90°\Rightarrow \beta=90°-30°\Rightarrow \beta=60° \]
são ângulos complementares.
Desenhamos as forças em um sistema de eixos coordenados
xy (Figura 2-C) e aplicamos a
2.ª Lei de Newton
\[
\begin{gather}
\bbox[#99CCFF,10px]
{\vec{F}=m\vec{a}} \tag{I}
\end{gather}
\]
Como não há movimento na direção
y, a força de reação normal
\( {\vec{N}}_{1} \)
e a componente normal do peso
\( {\vec{P}}_{1 N} \)
se anulam.
Direção
x:
\[
\begin{gather}
T-P_{1 P}=M_{1}a \tag{II}
\end{gather}
\]
a componente do peso na direção paralela é dada por
\[
\begin{gather}
P_{1P}=P_{1}\operatorname{sen}60° \tag{III}
\end{gather}
\]
a força peso é dada por
\[
\begin{gather}
\bbox[#99CCFF,10px]
{P=mg} \tag{IV}
\end{gather}
\]
para a massa
M1
\[
\begin{gather}
P_{1}=M_{1}g \tag{V}
\end{gather}
\]
substituindo a expressão (V) na expressão (III)
\[
\begin{gather}
P_{1P}=M_{1}g\operatorname{sen}60° \tag{VI}
\end{gather}
\]
substituindo a expressão (VI) na expressão (II)
\[
\begin{gather}
T-M_{1}g\operatorname{sen}60°=M_{1}a \tag{VII}
\end{gather}
\]
Da mesma forma adotamos um sistema de referência
xy com o eixo-
x paralelo ao plano
inclinado e sentido da aceleração. Neste corpo atuam a força peso
\( {\vec P}_{2} \),
a força de tensão na corda
\( \vec{T} \)
e a força normal de reação da superfície
\( {\vec N}_{2} \)
(Figura 3-A).
Analogamente a força peso pode ser decomposta em duas componentes, uma componente paralela ao eixo-
x
\( {\vec P}_{2P} \)
e a outra componente normal ou perpendicular
\( {\vec P}_{2N} \)
(Figura 3-B).
Neste caso o ângulo entre a força peso
\( {\vec P}_{2} \)
e a componente normal
\( {\vec P}_{2N} \)
será 30°.
Desenhando as forças num sistema de eixos coordenados
xy (Figura 3-C) e aplicamos a expressão
(I).
Na direção
y não há movimento, a força de reação normal
\( {\vec N}_{2} \)
e a componente normal do peso
\( {\vec P}_{2N} \)
se anulam.
Direção
x:
\[
\begin{gather}
P_{2P}-T=M_{2}a \tag{VIII}
\end{gather}
\]
a componente do peso na direção paralela é dada por
\[
\begin{gather}
P_{2P}=P_{2}\operatorname{sen}30° \tag{IX}
\end{gather}
\]
usando a expresssão (IV) para a força peso da massa
M2
\[
\begin{gather}
P_{2}=M_{2}g \tag{X}
\end{gather}
\]
substituindo a expressão (X) na expressão (IX)
\[
\begin{gather}
P_{2P}=M_{2}g\operatorname{sen}30° \tag{XI}
\end{gather}
\]
substituindo a expressão (XI) na expressão (VIII)
\[
\begin{gather}
M_{2}g\operatorname{sen}30°-T=M_{2}a \tag{XII}
\end{gather}
\]
a) As equações (VII) e (XII) formam um sistema de duas equações
\[
\left\{
\begin{matrix}
T-M_{1}g\operatorname{sen}60°=M_{1}a\\
M_{2}g\operatorname{sen}30°-T=M_{2}a
\end{matrix}
\right.
\]
Lembrando da
Trigonometria
\[
\begin{gather}
\operatorname{sen}60°=\dfrac{\sqrt{3\;}}{2}\\
\operatorname{sen}30°=\dfrac{1}{2}
\end{gather}
\]
\[
\left\{
\begin{matrix}
T-\dfrac{\sqrt{3\;}}{2}M_{1}g=M_{1}a\\
\dfrac{1}{2}M_{2}g-T=M_{2}a
\end{matrix}
\right. \tag{XIII}
\]
Para que o sistema permaneça em equilíbrio devemos ter a somatória das forças igual a zero
\[ \bbox[#99CCFF,10px]
{\sum F=0}
\]
\[
\begin{gather}
\left\{
\begin{matrix}
T-\dfrac{\sqrt{3\;}}{2}M_{1}g=0\\
\dfrac{1}{2}M_{2}g-T=0
\end{matrix}
\right.
\\{\,}\\
\left\{
\begin{matrix}
\dfrac{\sqrt{3\;}}{2}M_{1}g=T\\
\dfrac{1}{2}M_{2}g=T
\end{matrix}
\right.
\end{gather}
\]
dividindo a segunda equação pela primeira no sistema
\[
\begin{gather}
\frac{\dfrac{1}{2}M_{2}g}{\dfrac{\sqrt{3\;}}{2}M_{1}g}=\frac{T}{T}\\[5pt]
\frac{\dfrac{1}{2}M_{2}g}{\dfrac{\sqrt{3\;}}{2}M_{1}g}=1\\[5pt]
\frac{M_{2}\cancel{g}}{M_{1}\cancel{g}}=\frac{\dfrac{\sqrt{3\;}}{2}}{\dfrac{1}{2}}\\[5pt]
\frac{M_{2}}{M_{1}}=\frac{\sqrt{3\;}}{\cancel{2}}.\frac{\cancel{2}}{1}
\end{gather}
\]
\[ \bbox[#FFCCCC,10px]
{\frac{M_{2}}{M_{1}}=\sqrt{3\;}}
\]
b) Para encontrarmos a aceleração e a tensão na corda, como as massas são iguais fazemos
M1=
M2=
M e substituímos no sistema de equações (XIII)
\[
\left\{
\begin{matrix}
T-\dfrac{\sqrt{3\;}}{2}Mg=Ma\\
\dfrac{1}{2}Mg-T=Ma
\end{matrix}
\right.
\]
Este é um sistema de duas equações a duas incógnitas,
a e
T, somando estas duas
equações
\[
\begin{gather}
\frac{
\begin{aligned}
\cancel{T}-\dfrac{\sqrt{3\;}}{2}Mg=Ma\\
\text{(+)}\qquad \dfrac{1}{2}Mg-\cancel{T}=Ma
\end{aligned}
}
{-{\dfrac{\sqrt{3\;}}{2}\cancel{M}g}+\dfrac{1}{2}\cancel{M}g=\cancel{M}a+\cancel{M}a}\\
\frac{1}{2}g(-\sqrt{3\;}+1)=2a\\
a=\frac{g}{2.2}.(-\sqrt{3\;}+1)\\
a=\frac{g}{4}.(-\sqrt{3\;}+1)
\end{gather}
\]
substituindo o valor dado para a aceleração da gravidade e sendo
\( \sqrt{3\;}\simeq 1,73 \)
\[
\begin{gather}
a=\frac{9,81}{4}.(-1,73+1)\\
a=2,45.(-0,73)\\
a=-1,79
\end{gather}
\]
o sinal de negativo na aceleração indica que o sentido do movimento será contrário àquele adotado na Figura 1
\[ \bbox[#FFCCCC,10px]
{a=1,79\ \text{m/s}^{2}}
\]
o sentido real da aceleração é mostrado na Figura 4.
Subtraindo as equações do sistema
\[
\begin{gather}
\frac{
\begin{aligned}
T-\dfrac{\sqrt{3\;}}{2}Mg=Ma\\
\text{(-)}\qquad \dfrac{1}{2}Mg-T=Ma
\end{aligned}
}
{2T-\dfrac{\sqrt{3\;}}{2}Mg-\dfrac{1}{2}Mg=Ma-Ma}\\
2T-\frac{\sqrt{3\;}}{2}Mg-\frac{1}{2}Mg=0\\
2T=\frac{\sqrt{3\;}}{2}Mg+\frac{1}{2}Mg\\
T=\frac{1}{2}.\left(\frac{\sqrt{3\;}}{2}Mg+\frac{1}{2}Mg\right)
\end{gather}
\]
substituindo os valores do problema
\[
\begin{gather}
T=\frac{1}{2}.\left(\frac{1,73}{2}.5.9,81+\frac{1}{2}.5.9,81\right)\\
T=\frac{1}{2}.\left(42,43+24,53\right)
\end{gather}
\]
\[ \bbox[#FFCCCC,10px]
{T=33,51\ \text{N}}
\]