Exercício Resolvido de Força Elétrica
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Quatro cargas positivas iguais a q, estão localizadas nos vértices de um tetraedro regular de lados iguais a d. Encontrar a intensidade da força elétrica, devido as três cargas que formam a base do tetraedro, na carga localizada no ponto P acima da base.

Dados do problema:
  • Valor das cargas elétricas:    +q;
  • Distância entre as cargas:    d.
Esquema do problema:

Como todas as cargas têm o mesmo sinal, as cargas da base do tetraedro vão repelir a carga localizada no ponto P, e como os valores das cargas são iguais e a distância entre elas é a mesma a intensidade da força elétrica de repulsão \( {\vec{F}}_{\small E} \) será a mesma (Figura 1).
Figura 1

Solução

A Lei de Coulomb é dada por
\[ \begin{gather} \bbox[#99CCFF,10px] {F_{\small E}=k_{0}\frac{|q||Q|}{r^{2}}} \end{gather} \]
Olhando para um plano vertical que passa por uma das cargas da base e pela carga no ponto P (Figura 2), aplicando a Lei de Coulomb, a força elétrica de repulsão será
\[ \begin{gather} F_{\small E}=k_{0}\frac{|q||q|}{d^{2}}\\[5pt] F_{\small E}=k_{0}\frac{q^{2}}{d^{2}} \tag{I} \end{gather} \]
Essa força elétrica pode ser decomposta nas direções paralelas ao plano da base do tetraedro \( {\vec{F}}_{\small{EP}} \) e normal ao plano \( {\vec{F}}_{\small{EN}} \). Desenhamos a força elétrica em um sistema de eixos Cartesianos e obtemos as suas componentes (Figura 3)
Figura 2

\[ \begin{gather} F_{\small{EP}}=F_{\small E}\operatorname{sen}\theta \tag{II-a} \end{gather} \]
\[ \begin{gather} F_{\small{EN}}=F_{\small E}\cos \theta \tag{II-b} \end{gather} \]
onde o ângulo θ é medido entre o vetor força elétrica \( {\vec{F}}_{\small E} \) e a componente normal \( {\vec{F}}_{\small{EN}} \) ao plano, é o mesmo ângulo medido entre a aresta d do tetraedro e a altura h (são ângulos opostos pelo vértice).
Figura 3
  • Forças paralelas ao plano, \( {\vec{F}}_{\small{EP}} \):
Por simetria do problema, cada carga da base vai interagir da mesma forma com a carga em P, assim temos três componentes paralelas \( {\vec{F}}_{\small{EP}} \) atuando nesse ponto (Figura 4-A). Olhando de cima (Figura 4-B) vemos essas forças igualmente distribuídas em torno da carga em P. Pelo Método do Polígono para soma de vetores (Figura 4-C) temos que estas forças formam uma poligonal fechada, portanto a resultante das forças paralelas devido às cargas da base é nula.
\[ \begin{gather} F_{\small{EP}}+F_{\small{EP}}+F_{\small{EP}}=0 \end{gather} \]
Figura 4
  • Forças normais ao plano, \( {\vec{F}}_{\small{EN}} \):
Para encontrarmos o valor da componente normal ao plano \( {\vec{F}}_{\small{EN}} \) devemos encontrar o cosseno do ângulo θ em função da distância d entre as cargas. O cosseno θ é calculado por
\[ \begin{gather} \cos \theta =\frac{h}{d} \tag{III} \end{gather} \]
Como o tetraedro é regular as faces laterais são triângulos equiláteros (possuem os três lados iguais) a altura a de uma das faces é encontrada usando o Teorema de Pitágoras (Figura 5)
\[ \begin{gather} d^{2}=a^{2}+\left(\frac{d}{2}\right)^{2}\\[5pt] d^{2}=a^{2}+\frac{d^{2}}{4}\\[5pt] a^{2}=d^{2}-\frac{d^{2}}{4} \end{gather} \]
multiplicando e dividindo por 4 o primeiro termo do lado direito da equação
Figura 5
\[ \begin{gather} a^{2}=\frac{4}{4}.d^{2}-\frac{d^{2}}{4}\\[5pt] a^{2}=\frac{4d^{2}-d^{2}}{4}\\[5pt] a^{2}=\frac{3d^{2}}{4}\\[5pt] a=\sqrt{\frac{3d^{2}}{4}}\\[5pt] a=\frac{d\sqrt{3}}{2} \tag{IV} \end{gather} \]
A altura h do tetraedro divide a base em dois segmentos de tamanhos m e n (Figura 6), de onde podemos escrever as seguintes relações, a soma de m e n é a altura a do triângulo da base
\[ \begin{gather} a=m+n \end{gather} \]
substituindo o valor de a encontrado em (IV)
\[ \begin{gather} \frac{d\sqrt{3}}{2}=m+n \tag{V} \end{gather} \]
Figura 6

aplicando o Teorema de Pitágoras ao triângulo retângulo da direita com catetos m e h, e hipotenusa a
\[ \begin{gather} a^{2}=m^{2}+h^{2} \end{gather} \]
substituindo o valor de a encontrado em (IV)
\[ \begin{gather} \left(\frac{d\sqrt{3}}{2}\right)^{2}=m^{2}+h^{2}\\[5pt] \frac{3d^{2}}{4}=m^{2}+h^{2} \tag{VI} \end{gather} \]
aplicando o Teorema de Pitágoras ao triângulo retângulo da esquerda com catetos n e h, e hipotenusa d
\[ \begin{gather} d^{2}=n^{2}+h^{2} \tag{VII} \end{gather} \]
Subtraindo a equação (VI) da equação (VII)
\[ \begin{gather} \frac{ \begin{matrix} \quad d^{2}=n^{2}+h^{2}\\ (-)\quad \dfrac{3d^{2}}{4}=m^{2}+h^{2}\quad\;\; \end{matrix}} {d^{2}-\dfrac{3d^{2}}{4}=n^{2}+h^{2}-(m^{2}+h^{2})}\\[5pt] d^{2}-\frac{3d^{2}}{4}=n^{2}+h^{2}-m^{2}-h^{2}\\[5pt] d^{2}-\frac{3d^{2}}{4}=n^{2}-m^{2} \end{gather} \]

Lembrando dos Produtos Notáveis    \( x^{2}-y^{2}=(x+y)(x-y) \)
\[ x^{2}-y^{2}=(x+y)(x-y) \]

do lado esquerdo, multiplicando e dividindo por 4 o primeiro termo da equação
\[ \begin{gather} \frac{4}{4}.d^{2}-\frac{3d^{2}}{4}=(n+m)(n-m)\\[5pt] \frac{4d^{2}-3d^{2}}{4}=(n+m)(n-m)\\[5pt] \frac{d^{2}}{4}=(n+m)(n-m) \end{gather} \]
substituindo o termo n+m pelo valor dado em (V)
\[ \begin{gather} \frac{d^{2}}{4}=\frac{d\sqrt{3\;}}{2}(n-m)\\[5pt] n-m=\frac{d^{2}}{\cancelto{2}{4}}.\frac{\cancel{2}}{d\sqrt{3\;}}\\[5pt] n-m=\frac{d}{2\sqrt{3\;}} \end{gather} \]
multiplicando o numerador e o denominador por \( \sqrt{3\;} \) do lado direito da igualdade
\[ \begin{gather} n-m=\frac{d}{2\sqrt{3\;}}.\frac{\sqrt{3\;}}{\sqrt{3\;}}\\[5pt] n-m=\frac{d\sqrt{3\;}}{2.3}\\[5pt] n-m=\frac{d\sqrt{3\;}}{6} \tag{VIII} \end{gather} \]
Somando as equações (V) e (VIII)
\[ \begin{gather} \frac{ \begin{matrix} \quad n+m=\dfrac{d\sqrt{3\;}}{2}\\ (\text{+})\quad n-m=\dfrac{d\sqrt{3\;}}{6}\quad\; \end{matrix}} {2n=\dfrac{d\sqrt{3\;}}{2}+\dfrac{d\sqrt{3\;}}{6}} \end{gather} \]
multiplicando e dividindo por 3 o primeiro termo do lado direito da equação
\[ \begin{gather} 2n=\frac{3}{3}.\frac{d\sqrt{3\;}}{2}+\frac{d\sqrt{3\;}}{6}\\[5pt] 2n=\frac{3d\sqrt{3\;}+d\sqrt{3\;}}{6}\\[5pt] n=\frac{4d\sqrt{3\;}}{2.6}\\[5pt] n=\frac{d\sqrt{3\;}}{3} \tag{IX} \end{gather} \]
Usando a equação (VII) podemos determinar h em função de d
\[ \begin{gather} d^{2}=\left(\frac{d\sqrt{3\;}}{3}\right)^{2}+h^{2}\\[5pt] d^{2}=\frac{3d^{2}}{9}+h^{2}\\[5pt] h^{2}=d^{2}-\frac{3d^{2}}{9} \end{gather} \]
multiplicando e dividindo por 9 o primeiro termo do lado direito da equação
\[ \begin{gather} h^{2}=\frac{9}{9}.d^{2}-\frac{3d^{2}}{9}\\[5pt] h^{2}=\frac{9d^{2}-3d^{2}}{9}\\[5pt] h^{2}=\frac{6d^{2}}{9}\\[5pt] h=\sqrt{\frac{6d^{2}}{9}\;}\\[5pt] h=\frac{d\sqrt{6}}{3} \tag{X} \end{gather} \]
substituindo a expressão (X) para h na expressão (III) para o cosseno de θ
\[ \begin{gather} \cos \theta =\frac{\dfrac{d\sqrt{6}}{3}}{d}\\[5pt] \cos \theta=\frac{\cancel{d}\sqrt{6}}{3}.\frac{1}{\cancel{d}}\\[5pt] \cos \theta=\frac{\sqrt{6}}{3} \end{gather} \]
Usando as equações (I), (II) e o cosseno, calculado acima, a força elétrica normal ao plano para a interação entre uma das cargas da base e a carga no ponto P será
\[ \begin{gather} F_{\small{EN}}=k_{0}\frac{q^{2}}{d^{2}}.\frac{\sqrt{6}}{3} \end{gather} \]
Por simetria a carga no ponto P interage igualmente com as outras duas cargas da base, então a força elétrica resultante sobre a carga em P será (Figura 7)
\[ \begin{gather} F_{\small{ER}}=3F_{\small{EN}}\\[5pt] F_{\small{ER}}=\cancel{3}.k_{0}\frac{q^{2}}{d^{2}}.\frac{\sqrt{6}}{\cancel{3}} \end{gather} \]
\[ \begin{gather} \bbox[#FFCCCC,10px] {F_{\small{ER}}=k_{0}\frac{q^{2}\sqrt{6}}{d^{2}}} \end{gather} \]
Figura 7
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